O termo “Intolerância religiosa”, pode-se dizer, é fruto medonho do processo de colonização do Brasil que, ao longo do tempo, se perpetuou em nossa sociedade.
Quando
o europeu se aportou em terras brasileiras se iniciou o processo de exploração
de nossas riquezas, tutelado pelo Estado e as bênçãos da Igreja, promovendo o
massacre e extermínio de índios que aqui viviam. O advento da escravidão com a
exploração e subjugação do povo negro vindos de África tornou esse processo
muito mais dolorido ainda, tirando deles sua cultura, religião e costumes,
desprezando-os e banindo de suas formas de vivência. A religião dos povos
negros foi a mais afetada pelos opressores e a Igreja, que na época, exercia um
papel fundamental no período colonial dando suporte para toda barbárie
realizada, abençoando a escravidão a opressão contra as mulheres e, por fim,
perpetrando a “santa inquisição”.
A
igreja esforçou-se, ao longo dos anos, a converter índios e negros ao
cristianismo, colocando o paganismo ou qualquer outra forma de manifestação
religiosa como hereges, pregando que o “diabo” seria o patrono das religiões
vindas de África e seu culto era bruxaria ou feitiçaria.
Desde
que nascemos fomos ensinados a nos afastar das religiões de matriz africana,
incutindo em todos um medo de qualquer oferenda que encontramos numa rua e
colocando em nossas cabeças que essas práticas seriam demoníacas e malditas.
Não
raro, também, há relatos de alunos, principalmente em escolas públicas, onde os
adeptos das religiões de Matrizes Africanas, são discriminados e
ridicularizados por professores e diretores de escolas, quando os mesmos tem
que ir com sua roupinha branca, ou seu fio de conta que mostra sua
religiosidade, tal qual aquele que carrega um crucifixo adornado ao peito, ou
com sua cabecinha raspada pelo culto que acabaram de passar, muitos são
convidados a retirar-se ou colocar uma “ROUPA ADEQUADA”.
Se
não bastasse todo esse sofrimento e banimento, o advento e crescimento das
Igrejas Neopentecostais (crentes por assim dizer), começou a se travar uma
“batalha espiritual”, perseguindo as religiões de matrizes africanas,
acintosamente, através de seus cultos nas igrejas e na mídia televisiva.
Não
raro vemos, nos canais pentecostais, sessões de exorcismos, expulsão de
demônios e encostos com efeitos cênicos e com caricaturas malfeitas, vozes
estridentes de membros da própria igreja e de pessoas que se intitulam de
“ex-mães de santo”.
Com
tudo isso a intolerância religiosa só aumentou a partir daí ao povo de santo,
com ataques violentos a terreiros de Umbanda e Candomblé, com violação de
culto, perseguições a filhos de santo que saem às ruas com sua roupa branca e
seu fio de contas pendurados no pescoço, muitas vezes sendo chingados de
demônios, e muitas vezes apedrejados ou mortos como temos relatos.
Como
disse, somos um País Laico!
Definição
de estado laico:
Um Estado é considerado laico quando promove,
oficialmente, a separação entre Estado e religião. A partir da ideia de laicidade,
o Estado não permitiria a interferência de correntes religiosas em assuntos
estatais, nem privilegiaria uma ou algumas religiões sobre as demais.
O Brasil é oficialmente um Estado
laico, pois a Constituição Brasileira e outras legislações preveem a
liberdade de crença religiosa aos cidadãos, além de proteção e respeito às
manifestações religiosas.
Leis que protegem o cidadão desta intolerância religiosa:
A
constituição de 1988, artigo 5º:
“Que
tornou inviolável o direto de culto e de livre expressão da fé e crença e mesmo
o direto a não ter fé”. (Ainda com crescente de intolerância).
Leis
foram criadas para minimizar a intolerância praticamente em vão. A lei 10.639
de 2003 que determina o ensino da história da África, sua cultura e
consequentemente sua religião nas escolas, nunca foi colocada em prática e
sofreu articulada, organizada e militante resistência de professores e gestores
católicos e evangélicos dentro das instituições públicas.
Por certo ainda há um longo caminho a ser percorrido pelo “POVO DE SANTO”, para verem sua religiosidade reconhecida e não de serem tolerados, mas sim de serem
“R E S P E I T A D O S”.
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