O Caos Semeado por Israel no Oriente Médio Pode Voltar para Assombrá-lo
Por David Hearst, Middle East Eye
O atual caminho trilhado por Benjamin Netanyahu está provando para os vizinhos árabes que Israel não deseja viver em paz. A cada nova guerra iniciada, vemos um ritual de cessar-fogo que, na prática, é uma farsa — uma pantomima diplomática que não reflete a realidade.
Nos recentes ataques ao Líbano, a mesma coreografia ocorreu. Enquanto o ministro francês Jean-Noel Barrot insistia na proposta de cessar-fogo, os EUA já sinalizavam que as negociações haviam fracassado, apoiando uma invasão terrestre ao Líbano e descrevendo o assassinato de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, como um “bem puro”.
A narrativa ocidental tenta caracterizar a operação de Israel como "limitada", mas declarações de diplomatas e militares israelenses indicam o desejo de uma "reformulação" do Líbano, que se estende muito além da fronteira. Raiva e discurso de ódio em Israel atingiram níveis alarmantes, com a busca por vingança se voltando do povo de Gaza para o povo do Líbano.
Israel parece tentar, mais uma vez, "mudar o Oriente Médio", como Netanyahu prometeu após o ataque do Hamas em outubro de 2023. No entanto, as ações de Israel estão desenhando um Oriente Médio que rejeita sua presença. Mesmo os líderes que se aliaram a Israel, como o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, reconhecem que a opinião pública árabe não aceita tal agressão.
A morte de Nasrallah, embora comemorada por Israel, está transformando-o em um símbolo eterno de resistência. Ações como essas não apenas mantêm vivo o conflito, mas também acendem a chama da resistência entre cristãos, muçulmanos, xiitas e sunitas. No longo prazo, a atual agressividade israelense poderá ter consequências profundas, afastando ainda mais o país da paz com seus vizinhos e solidificando um ciclo contínuo de violência e ódio na região.
David Hearst é cofundador e editor-chefe do Middle East Eye, além de comentarista e analista sobre o Oriente Médio e a Arábia Saudita.
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