terça-feira, 11 de julho de 2023

A Controvérsia Ética do Uso da Imagem de Elis Regina em Campanha Publicitária.

Na data de hoje, 11.07.2023, me deparei com uma notícia sobre a apuração e instauração de um processo do Conar no uso de deepfake da VolksVagem do Brasil e a agência publicitária AlmapBBDO na qual abre precedente histórico. 

O órgão autorregulador do mercado publicitário analisa reclamações de consumidores sobre a aplicação ética da tecnologia que ressuscitou digitalmente a cantora Elis Regina. Essa tecnologia, que por muito tempo ficou associada a fake news e golpes na internet, também tem aplicações consideradas “do bem”, segundo a notícia. 


Com base nesse acontecimento elaborei um simples comentário a essa controvérsia. 


Vamos lá: 


A Controvérsia Ética do Uso da Imagem de Elis Regina em Campanha Publicitária. 


No âmbito da publicidade brasileira, é comum presenciar discussões sobre a ética e os limites na utilização de imagens e referências de pessoas falecidas. 


Recentemente, uma campanha publicitária da empresa Volkswagen do Brasil, em parceria com a agência Alma BBDO, gerou polêmica ao utilizar a imagem da cantora Elis Regina, que faleceu em 1982, sendo recriada através de inteligência artificial (IA) para protagonizar cenas fictícias. 


A controvérsia surge a partir das dúvidas acerca da ética do uso da IA para reanimar digitalmente uma pessoa falecida, especialmente quando sua imagem é empregada em uma peça publicitária. Consumidores da marca questionaram a sensibilidade e o respeito à memória de Elis Regina, bem como a exploração de sua imagem para fins comerciais. 


Diante desse contexto, é relevante analisar a instauração de um processo ético contra a empresa Volkswagen do Brasil e a agência Alma BBDO. O código brasileiro de autorregulação publicitária estabelece diretrizes para o setor, buscando proteger a dignidade e a privacidade das pessoas envolvidas nas campanhas. A utilização da imagem de uma pessoa falecida levanta questões éticas e jurídicas complexas, que requerem uma avaliação criteriosa. 


Sob a perspectiva da legislação brasileira, os herdeiros de uma pessoa falecida têm direitos sobre sua imagem e podem autorizar ou vetar seu uso em campanhas publicitárias. O Código Civil Brasileiro reconhece que a imagem é um atributo personalíssimo e protege os direitos de personalidade, mesmo após a morte. Dessa forma, qualquer utilização da imagem de Elis Regina, mesmo por meio de inteligência artificial, requereria a autorização expressa dos herdeiros, na qual creio que deva ter tido, mesmo porque a filha da cantora, Maria Rita, participa da peça publicitária. 


A ética envolvida na utilização da imagem de uma pessoa falecida vai além das questões legais. É necessário considerar o respeito à memória e à vontade do falecido, bem como o impacto emocional e cultural que essa utilização pode causar nos fãs e na sociedade como um todo. 


No caso específico da campanha publicitária da Volkswagen do Brasil e da agência Alma BBDO, é válido questionar se a utilização da imagem de Elis Regina por meio de IA foi feita com a devida sensibilidade e respeito. O uso da inteligência artificial para recriar uma personalidade falecida em cenários fictícios levanta preocupações sobre a autenticidade e a manipulação da imagem de um ícone da música brasileira, podendo desencadear reações negativas por parte do público. 


Concluo, então, que a instauração de um processo ético contra a empresa Volkswagen do Brasil e a agência Alma BBDO em relação à recente campanha publicitária que utilizou a imagem de Elis Regina, falecida, recriada por meio de inteligência artificial, é uma resposta compreensível diante das preocupações levantadas pelos consumidores. A análise desse caso à luz da legislação brasileira e do Código Civil evidencia a necessidade de um debate mais amplo sobre os limites éticos do uso da imagem de pessoas falecidas em campanhas publicitárias, considerando o respeito à memória, aos direitos de personalidade e às sensibilidades da sociedade. 

 

 

Leia mais em: https://forbes.com.br/manchete-2/2023/07/apuracao-do-conar-no-uso-de-deepfake-da-volks-abre-precedente-historico/ 

 

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